Portugal tem a sexta maior reserva mundial de lítio, mas até ao momento o lítio português não é usado senão em aplicações cerâmicas.
Uma das razões prende-se com o custo e a dificuldade em obter carbonato de lítio das reservas existentes no país, sobretudo quando comparada com a “facilidade” com que ele é extraído dos lagos salgados na América do Sul. Por isso são tão importantes os projectos piloto que o Laboratório Nacional de Engenharia e Geologia (LNEG) tem vindo a desenvolver.
Em Portugal o lítio aparece normalmente associado a rochas (pegmatitos) o que obriga a um esforço de extracção do minério, e sua posterior transformação em metal. Um dos projectos que o LNEG participou, e em que usou lepidolite proveniente da região de Gonçalo, na Guarda, permitiu descobrir uma fórmula para reduzir o consumo energético da extracção de lítio do minério. “Este método permite reduzir o consumo energético da extracção de lítio do minério, tornando o processo mais eficiente e económico, pois reduz a temperatura de processamento de cerca de 1000°C no máximo de 150°C”, explica fonte do LNEG. Este projecto foi desenvolvido com equipas do Instituto Superior técnico e do Centro de Recursos Naturais e Ambiente. Num outro projecto, financiado pelo H2020, e que conta com a participação da Universidade do Porto (FCUP e FEUP) e parceiros internacionais, o LNEG abre as portas da sua lavaria para um Ensaio Piloto que já é o primeiro exemplo da actividade que pode ser desenvolvida pela Unidade Experimental Minero-Metalúrgica, cuja criação foi recomendada ao Governo pelo Grupo de Trabalho do Lítio. Trata-se de um Ensaio Piloto Industrial de produção de concentrados de Lepidolite, imprescindível para a valorização económica dos minérios.
“Este Ensaio Piloto foi precedido de um programa de investigação experimental, em que foi testada a aplicação de várias tecnologias de processamento de minérios para as fases de préconcentração, nomeadamente a separação óptica e de concentração por flutuação”, lê-se na informação oficial divulgada pelo LNEG, que explica que para além do minério do Jazigo de Alvarrões (Gonçalo-Guarda), foram também trabalhadas amostras dos jazigos de Länttä (Keliber) na Finlândia e de Cinovec na República Checa. Fonte do Laboratório do Estado confirmou ao PÚBLICO que esta primeira experiência minero-metalúrgica em relação ao lítio já devolveu resultados muito entusiasmantes, “passíveis de serem replicados pela indústria”.
Actualmente, o Governo está a preparar os concursos públicos internacionais com os quais pretende encontrar os concessionários que poderão ficar a explorar as áreas de lítio em Portugal.

Fonte: www.publico.pt ! 9 de abril de 2018

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